domingo, 24 de junho de 2007

Querer acreditar

A minha vizinha, não a Louca do costume, a outra ao lado, a que anda sempre em depressões e tentativas de suicídio, saiu de casa pela 2ª vez. A primeira porque quis, a segunda porque o marido pediu o divórcio. Mas já voltou... pela 2ª vez. Bastou o marido andar a dizer pela freguesia que já não a queria, que ela o tinha deixado por outro, que a mulherzinha voltou logo. Vamos lá ver se não toma o frasco outra vez.


Ponto da situação: casamento com mais de 30 anos, 2 filhos adultos, casados e já a viver longe, marido estranho (daqueles sem expressão, nem se sabe se estão contentes ou tristes, não falam com ninguém, gostam da pinguinha e de pouco trabalho). Decide que já chega e sai de casa. O gajo nem pestaneja (julgo). Ela volta. 2 ou 3 meses depois, sai novamente de casa. O gajo continua sem pestanejar. Ela volta...novamente. Até ao fim do ano, aposto que sai e volta uma terceira vez.


Depois de 2 parágrafos de má-lingua, permitam-me que exponha as minhas dúvidas.


1ª) Sei que há uns anos, abandonar o marido era pior que prostituição. Filhos novos e tal, falta de ajuda e condições... essas coisas. Mas, mesmo assim, havia quem o fizesse. Ela não fez. Tudo bem. Fez agora que já não tem esses problemas. Certo.


Porque raio voltou?!!! Se ele foi assim ao longo de 30 anos, julga mesmo que ia mudar? Duh! Às vezes não mudam com grande esforço e perseverança da nossa parte, vão mudar 3 décadas depois!


2ª) Aparentemente, segundo a vizinha Louca, a desculpa, desta vez, tem a ver com a insistência dos filhos. E quê? Eles mandam? Se gostam mesmo dela e querem a felicidade dela, que se metam na vidinha deles e deixem que ela faça o que bem entende. Mas já que não conseguem (provavelmente, já estariam a ver que alguém acabaria a tomar conta do pai, mais ano menos ano) ela que seja mulherzinha em condições. Sai de casa e depois volta porque os filhos querem? Já agora, se o gajo lhe espetasse uns murraços de vez em quando, isso faria diferença???



Sou sincera, gosto muito do meu pai, estou sempre a dizer e é verdade, mas tenho noção que não sou pêra doce nenhuma e que gosto de ver as coisas à minha maneira. Por isso, às vezes sou chata com ele, resmungo e tal (desculpem lá, ele tem um cesto para a roupa suja na casa-de-banho e mesmo assim põe o raio da roupa no chão!), mas... mas a vida pessoal dele é com ele e mais nada. Ele é adulto e faz o que quer e bem entende. Uma coisa é opinar, outra é dar na cabeça até ceder às nossas vontades.


Mas, enfim, sei que não são todos iguais. Muita gente surpreende-se por eu dizer que não me importava nada que o meu pai tivesse uma namorada ou até casasse novamente.


Meus amigos... somos seres sociais, precisamos de companhia, de atenção, de afecto. Amor de filha não é o mesmo que amor de mulher. Tal como amor de pai não substitui atenção de um homem, para mim.


É sempre tempo de se ser feliz. Seja aos 20, 40, 60 ou 100! A felicidade são momentos, em qualquer altura.


6 comentários:

Anónimo disse...

Babe, é por estas tuas atitudes e forma de pensar que te admiro e que adoro ser tua amiga. És uma mulher a sério, com M grande, carago!!!
Beijinhos

Marta disse...

A vizinha, continua à espera que o marido mude e ainda não percebeu que quem tem que mudar é ela!
A dor é inevitável, o sofrimento é opcional!

Babe Certificada disse...

Belinha

Tu fazes-me corar!...

Marta

Agora é que disseste tudo.

Precious disse...

Minha cara, este país não está feita para as pessoas viverem sozinhas, nomeadamente, a nível monetário. E muitas mulheres não se adaptam pura e simplesmente, por muito cavalos que sejam os maridos.

Babe Certificada disse...

Miss Precious

O ditado diz "Quem tem boca vai a Roma". Se ela arregaçar as manguinhas, tudo se resolve. Se venderem a casinha não faltará dinheiro para viver. Há mulheres com mt menos e que fazem mt mais.

Anónimo disse...

Ainda falam da telenovelas... a vida real é que é! :-)
Desde que a mulher não te incomode, deixa ela ir e vir as vezes que quiser... assim até tens assunto! :-)