terça-feira, 29 de maio de 2007

"Cornos" virtuais

Ontem , escrevi um post enorme onde abordava a infidelidade via net. Ou seja, os engates online, os meios e os resultados. Isto a propósito de ter lido em alguns blogs posts sobre o conto do vigário e a "infidelidade normal", vulgo facadinha no matrimónio.

Se antes a infidelidade era a relação sexual com outra pessoa que não o companheiro, hoje esta adquire contornos bem diferentes.

Acabei por apagar o tal post, pois não fiquei satisfeita com o resultado, uma vez que a meio do "processo" já não achava bem chamar-lhe infidelidade, mas sim, falta de lealdade.


Imaginem os chats online: Clube da Amizade, Meetic, até mesmo o Hi5 e o Netlog... As pessoas criam um perfil, onde informam como são, o que fazem, estado civil, o que procuram. Apesar de haver quem vá unicamente pela amizade (coisa rara, quer-me parecer), mesmo assim se é mulher não diz que procura mulher. Ou seja, mulher procura homem, homem procura mulher.


Agora, outro ponto: muitos são casados, viventes, namorados... enfim, comprometidos. Mas, embora haja quem admite esse facto, outros optam por dizerem-se solteiros ou separados (perdoem-me lá, mas separado não é estado civil para mim). A questão é esta: mesmo que não chegue a haver encontros reais, que apenas se fiquem pelos encontros virtuais (msn, mails...), na maioria dos casos as companheiras, esposas ou namoradas não têm conhecimento desta "viva paralela" dos respectivos, logo não estaremos perante uma questão de falta de lealdade?


Serei eu uma idealista, ou nas relações deve imperar a verdade e a sinceridade? Se eu fosse casada e viesse a descobrir que o meu marido tinha um perfil nesses sites, no mínimo pensaria que ele andava a "conhecer" pessoas para encontros futuros. Ou visto de outra forma, se me tem a mim, se tem amigos "reais", qual a necessidade de andar a "conhecer" pessoas na net?


Na maioria dos perfis, as pessoas são sempre atraentes, com o peso ideal, empresários... nunca vi nenhum a assumir-se como gordo e oleoso, mau hálito, sem cultura nem dinheiro. Logo, estão ali para obterem a atenção que não conseguem na vida real?


E os blogs? Muitas pessoas que escrevem num blog, fazem-no com conhecimento dos amigos, colegas de trabalhos, companheiros... mas outros, também pelo tipo de blog que escrevem (diário pessoal) não o partilham com ninguém das suas relações "reais". Agora corrijam-me se estiver errada, uma coisa é ter um diário onde contamos o que nos vai no pensamento, anotámos o que de bom ou mau se passa na nossa vida... outra coisa, é um blog, onde escrevemos exactamente a mesma coisa, com a diferença que nestes casos há feed-back. Lá está, gostaríamos de saber que o nosso companheiro tem um blog sem nosso conhecimento onde fala da nossa vida pessoal?


E os encontros? Inevitavelmente, vamos criando empatias e "amizades" com aqueles que nos leêm frequentemente. Eventualmente pode surgir a oportunidade de conhecer essas pessoas. Ao fazê-lo sem conhecimento dos respectivos (mesmo sem qualquer conotação sexual), não estaremos também numa situação de engano, de falta de lealdade?

Lembram-se do jantar dos bloggers? Provavelmente, muitas pessoas não foram porque o seu blog é privado e ir a esse encontro obrigaria a mentir ao companheiro, certo? E se foram, mesmo mentindo? Não estaremos, mais uma vez, perante a falta de sinceridade numa relação, a falta de lealdade para com a relação e o companheiro?



(Mais uma vez saiu grande... e nem escrevi umas piadas pelo meio...)

16 comentários:

Marta disse...

Eu acho que tudo está, não própriamente no acto em si, mas na intenção com que se fazem as coisas! E só haverá necessidade de mentir quando a intenção for suspeita!
Outro caso que também pode acontecer, é a pessoa nem ter segundas intenções mas acabar por mentir porque está metida num jogo de manipulação com o parceiro, mas isso são outros 500!
bjoka

Ana disse...

Agora tenho de discordar contigo! Não por ter tambem um "blog secreto", porque já o tinha muito antes de ter o relacionamento que tenho mas porque, de facto, não dou nem nunca dei muita importância a este tipo de "relacionamento" online.
Vou comparar esta situação com, por exemplo, um tlm.
Jamais me passaria pela cabeça saber, ou fazer questão de saber, de quem são os números que um namorado meu tivesse no seu tlm e muito menos querer saber com quem troca sms ou telefonemas.
Tambem não gostaria que ele me interrogasse acerca dos meus, não por ter alguma coisa a esconder, mas porque prezo muito a minha privacidade.
Tenho o meu msn, como ele tem o dele.
Nunca lhe perguntei com quem fala ou deixa de falar e detestaria que ele controlasse o meu.
Quanto a chats e hi5, etc... tudo depende da intenção.
Logicamente que não gostaria que ele andasse a marcar encontros com outras gajas,mas se fosse pensar nisso a toda a hora, então tambem não sairíamos á noite, cada um com os seus amigos e sem dar satisfações de onde vamos.

Para mim, é apenas uma questão de privacidade.

Bjs

Anónimo disse...

Senti falta das piadas pelo meio.

Topo de Gama disse...

Bem eu tenho de concordar com a Ana.. Isso de "cornos" virtuais é algo demasiado forte :D

A verdade é ke se pode conhecer montes de gente na net.. mas as intençoes de cada um, depende mesmo de cada um :p Pra mim, ha um aceitavel e um nao aceitavel.. e deixa de ser aceitavel se de facto passamos de virtuais, a cornos propriamente dito!!!

Comoja foi dito, é uma questao de privacidade, mas acrescento-lhe a confiança e acima de tudo o bom senso!

beijocas!

VF disse...

Querida Babe.

A densidade do tema da infidelidade, seja ela na sua versão clássica, seja na sua versão moderna e demasiado grande para ser tratada de uma forma mais superficial. Aliás eu por muitas vezes já tentei escrever sobre o assunto, e existindo tantos detalhes sobre o mesmo os textos ficam demasiado longos ou extensos.

Escrever sobre isto numa linguagem mais light, poderá por outro lado parecer uma tentativa de desculpabilizar pecados próprios ou erros não assumidos.

De qualquer forma fica o teu texto que me parece bom, e que acaba por no teu registo habitual colocar o dedo em algumas feridas que andam por aqui.

Eu não tenho hi5, ou messenger, ou qualquer outra ferramenta de que falas, tenho apenas o blog, onde assumo quem sou e como sou.
Mas assumir quem se é pode não ser uma situação unicamente ligada à coragem, mas também uma atitude sensata, porque nunca se sabe quem está do outro lado.

Por exemplo próprio, nunca tive coisas complicadas que nascessem pelo blog, um ou outro desequilibrio rapidamente resolvido. O problema surge sim quando tu pensas que já conheces a pessoa no mundo real, aí sim existem as grandes desilusões!

Babe Certificada disse...

A questão central, para mim, está mais nos chats e sites de amizade, que propriamente no blog.
Nos primeiros está-se ali para conhecer pessoas. Há quem se fique pelos mails e msn (e aí nada tenho a dizer) e aqueles que querem passar os encontros virtuais a reais.
Se sou comprometida, não me parece aceitável encontrar-me com alguém com o qual tenho algumas afinidades "online", sem que o meu namorado saiba. E o que lhe vou dizer? "Ó mor, vou ali encontrar-me com um gajo com quem falo na net, e já venho?" Se ele me dissesse isso, eu pegava na bolsa e ia junto!

Quanto aos blogs, contar ou não contar ao companheiro, pode ser apenas uma questão de privacidade. Mas, tb pode ser uma questão de lealdade, depende do que para lá metemos.
Mas, qd falei nos blogs, foi mais a propósito de uma situação que verifiquei em tempos, sobre alguém que tinha um blog onde falava de situações que não queria que a companheira soubesse e quando se deu a oportunidade de conhecer algumas amizades virtuais, fê-lo às escondidas.
E isso é para mim o mesmo que mentir. Nesse aspecto não facilito.

Babe Certificada disse...

Vitor,

infelizmente tens razão quando falas na complexidade do tema. Ainda ontem tentei abordar esta questão, mas o texto já ia tão longo que nem eu queria perder tempo a lê-lo. Reduzir à versão light traz o inconveniente de parecer demasiado superficial.
Mas, sempre levanta uma ou outra questão e faz o povo pensar... espero. ;-)

VF disse...

Querida Babe!

Claro que nos faz pensar, mas não julgues que os méritos do que escreveste se ficam por aí (ainda que isso já seja muito importante).

Se há temas que podem ser descomplicados, este é um daqueles que ao descomplicar o tornamos ainda mais intenso!

Afgane disse...

Penso que o conceito de fidelidade varia de pessoa para pessoa. Eu parto do pressuposto que quando somos fieis não temos nada a esconder e devemos partilhar com a pessoa com quem estamos tudo por forma a não existirem equívocos no futuro. Pior do que a fidelidade é a desconfiança que por vezes se instala por pequenos nadas e que torna a relação insuportável. Mas também me questiono se partilhar mesmo tudo será o mais certo? E o nosso espaço, aquele canto privado onde fazemos ou escrevemos parvoeiras quando nos apetece sem dar cavaco a ninguém? Será isto infidelidade? Onde começa e termina o conceito de fidelidade?
São questões a ponderar. Mas gostei do post e da temática, faz-nos pensar

Anónimo disse...

Infidelidade (até ja nem sabia escrever a palavra) é infidelidade, seja no mundo real seja no virtual. Mas não devemos entrar em parafuso agora com os hi5, meetics, clubes, etc. Confiança é importante, ou seja, é inocente até que se prove o contrário. Por isso devemos respeitar a privacidade dos nossos respectivos bem como eles a nossa para que a coisa resulte.
Babe, espero que isto faça algum sentido, hoje não muito normal.
Bjinhos.

Babe Certificada disse...

Afgane, eu partilho essa tua ideia, mas a partilha das nossas coisas deve partir de nós, de livre e espontânea vontade, senão cheira logo a obrigação.
Quanto aos limites do conceito... realmente vai depender muito dos envolvidos, no entanto, mantenho que a partir do momento que nos vemos "obrigados" a mentir à conta do nosso cantinho, mesmo não sendo infidelidade (porque não precisa de ser) é deslealdade.

Belinha, como dizes e bem, infidelidade não toma muitas formas, ou é ou não é. Já por isso, falei que a dada altura deixei de pensar em infidelidade para pensar na deslealdade. Não condeno quem tem os Hi5, Meetics e afins, se são usados com total respeito pela nossa relação. Mas daí a haverem encontros reais, só com conhecimento do companheiro. Porque doutra forma, não me parece correcto. Todos temos direito à nossa liberdade e privacidade, mas estas adquirem outros limites (não quer dizer mais pequenos, apenas diferentes) no momento em que partilhamos a nossa vida com alguém.

Joao disse...

É grande é, o post. Perdi-me pelo meio, fiquei pelo "Serei eu uma idealista...". Eu no virtual sou muitas coisas por exemplo. Desde LouraBoa até KillerKid, mas daqui até à realidade a distância é muita

Anónimo disse...

Estou completamente de acordo contigo, babe... Em matéria de infidelidade não é preciso trocarmos fluidos para sermos infiéis. A troca/entrega da alma é muito mais desleal. No entanto, e relativamente às pessoas que têm blogs secretos, não me parece que seja justo "condená-las". Funciona como um escape e temos de respeitar a vida das pessoas a esse nível. Não falo de todas, mas na sua grande maioria, mantêm esse lado secreto porque provavelmente é a única coisa que podem chamar de real e verdadeiramente sua.
As relações virtuais podem ser até muito mais sólidas que as reais, desde que as pessoas sejam genuínas. Believe me, I know...

Babe Certificada disse...

João, é uma verdade...

TNT, como referi antes, quanto aos blogs, só não aceito quando à conta destes se mente à "cara-metade", como pode acontecer sempre que surja a oportunidade de conhecer (realmente) alguns dos amigos virtuais.

Gaja Boa 1 disse...

Muito haveria a dizer... Mas acho que quem usa esses meios para o engate, e falo mais concretamente no hi5, é porque não o consegue no dia-a-dia...

Que significa isto??? Que muito provavelmente se o víssemos num café nem pra ele olharíamos...

Pronto, já sei, tou a ser má...
Mas foda-se, há algo que substitui o olhar, o flirt??

Pra mim não! Mas... Se calhar eu não sou o mais normal...

Pronto, podes bater...

beijos

Babe Certificada disse...

Gaja Boa, às vezes até podem ter um bom look, mas não têm aquele instinto da caça e ali já conseguem "flirtar"; outros, são bem giros e sabem-no, o que querem mesmo é queca forte e feia (que não obtêm com as oficiais, entendes?)